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O fragmento é constituído por uma imagem do autor recém nascido sobreposta por um inseto (fazendo alusão ao personagem Gregor Samsa) tendo em baixo um paninho usado por ele na infância – o qual se constitui num objeto de transição – isso tendo como complemento um fragmento da primeira parte da obra de Kafka.
Teoria:
Dentre as escolas psicanalistas a opção foi pela linha desenvolvida pelo Dr. Donald Woods Winnicott, tendo-a como base, mas não como única.
Para Winnicott, as doenças psíquicas tinham a ver com perturbações que ocorreram durante as fases iniciais da formação do psiquismo, quando o meio ambiente da criança é constituído pelas relações familiares. Admitindo que cada indivíduo tem uma experiência singular de seu ambiente devido a fatores pessoais, insiste na idéia de que um ambiente real, experimentado como facilitador é requisito indispensável ao desenvolvimento saudável das potencialidades do indivíduo.
Este ambiente é inicialmente a mãe, ou quem exerça sua função entendida como: segurar o bebê - no início literalmente e, cada vez mais, no sentido figurado de apoio psicológico; manuseá-lo, através dos cuidados necessários a sua sobrevivência, e apresentar-lhe o mundo em pequenas doses. Inicialmente, diz Winnicott, a mãe exprime seu amor através dos cuidados físicos, procurando adaptar-se realmente de maneira ativa e criativa às necessidades do seu filho.
Esses elementos de seu ambiente cultural aparecem, particularmente, na relação que estabelece entre ser criativo e sentir-se real.
Winnicott define a imaginação como: a criatividade e as atividades simbólicas do ser humano. São elas que fazem a vida ser sentida como real e válida de ser vivida.
Winnicott encontrou seu próprio interesse pelas origens da imaginação. Um e outro dão destaque ao papel central do provedor de cuidados. Para Winnicott, a condição da criatividade encontra-se na possibilidade de o bebê ver refletido, no olhar da mãe, aquilo que ele é e não o que ela teme, ou o que ela deseja; a idéia de reflexo em espelho do olhar da mãe foi antecipada por Wordsworth em seus poemas.
Com Keats, Winnicott encontra afinidades quando se interroga sobre as condições ou estados da mente que tornam a criatividade possível. Através da noção de "capacidade negativa", Keats enfatiza a capacidade para se permanecer na incerteza, no mistério, na dúvida sem "a irritante busca para atingir os fatos ou a razão de ser", ou seja, sem a irritável fuga nos sistemas explicativos intelectuais ou científicos. Winnicott pede que o paradoxo seja tolerado e respeitado ao invés de resolvido por processos intelectuais.
O estado não-integrado da mente, próprio ao início da vida do recém-nascido, estado em que o indivíduo fica sem orientação determinada, capaz de flutuar, de existir sem ter que agir ou reagir é considerado, por Winnicott, essencial ao ato criativo.
A descoberta dos fenômenos transicionais é exemplar de um processo criativo: Por muito tempo, diz Winnicott, minha mente permaneceu em estado de não-conhecimento, estado que aos poucos foi se cristalizando na minha formulação dos fenômenos transicionais.
Sem se preocupar com as origens da capacidade negativa, nem com as condições ambientais a ela necessárias, Keats admitia que ela era um atributo dos poetas geniais. Neste ponto, existe uma grande diferença em relação a Winnicott que, através de paradoxos, descreve poeticamente as condições essenciais para o desenvolvimento da atitude criativa em qualquer indivíduo. Ele credita à mãe suficientemente boa a capacidade de possibilitar, a seu bebê, a ilusão de que o mundo é criado por ele, concedendo-lhe, assim, a experiência da onipotência primária, base do fazer criativo.
Conclusão :
As obras “Metamorfose” e O fragmento “Pessoa em construção – uma vida Kafkiana” estão em correspondência com a noção da falta de reconhecimento da individualidade, da categoria de ser único em si mesmo, inerente a cada um. A sociedade moderna, representada pela família, no texto, nega o indivíduo, pois só o aceita enquanto ser produtivo.
Vemos tanto na obra de Kafka, bem como na de Edson Moreira, uma reivindicação ao direito de criar, bem como aversão a interferência do fator externo. ***************************************************
2a fase: Infância: (Lacuna - Dogma - Primeiros Outros)
Fragmento: Lacuna (Odisseu)
Neste segundo fragmento, vemos o autor ajustadamente emoldurado à família, sua única representação do mundo.
Atrás objetos representando episódio de ruptura na estrutura familiar, mudança de rumo decorrente de infortúnio, desgraça pessoal (acidente do pai - o esteio) refletindo no destino do grupo. Durante o longo período de recuperação esteve o progenitor ausente na constituição infantil do autor, não tendo então, o autor, nesta primeira fase da existência, uma efígie clara de figura masculina.
O herói é retirado.
O homem volta.
Manteve, mais tarde, o benfeitor seu papel de provedor, através de sacrifício – hecatombe – tornando-se então através do tempo, um parâmetro positivo de atitudes. O fruto não se manifestará como o aspirado pela árvore, mas tem noção de que criatura só é acabada quando deixa de ser seqüência e passa a ser referencia.
O fruto se mostra pronto para madurar.
Buscando embasamento para a linha de pensamento que estou seguindo, trago pedaço do trabalho científico “Paternidade: Uma função normatizadora” da Dra. Alexandra de Oliveira Sampaio.
“...O exercício paterno se revela em assumir uma condição responsável-participativa ao invés de uma posição meramente instrumental ou autoritária. Há uma complementaridade de participação paterna e materna na criação dos filhos e as exigências parentais variam de acordo com os diferentes estágios de desenvolvimento porque passa a criança. Dolto (1988), com muita propriedade, vislumbra que dentro desta compreensão é sabido que, a ausência paterna, assim como, seu exagero de ambivalência, produzirá nos filhos devastações diferentes... A permanência de ambos os pais na vida dos filhos deve ser mantida, estando estes juntos ou separados, afinal, às necessidades dos filhos permanecem as mesmas, fundamentais para a formação e desenvolvimento físico, moral, social e psicoafetivo. Percebe-se que excluir a participação paterna (ou materna) do convívio com os filhos é traçar pare estes o pior dos prognósticos.
A representação da figura paterna é imprescindível na formação, desenvolvimento e construção moral, social, emocional e psicológica da criança... Além de determinantes biológicos e sócio-histórico-culturais, a paternidade é uma construção semeada e alimentada pela convivência mútua entre pais e filhos. É o pai que estabelece a realidade entre mãe e a criança. A complementaridade parental (pai e mãe) oferece a criança modelos de referência e condições necessárias e suficientes para o desenvolvimento e estruturação da sua personalidade, ou seja, uma função não exclui a outra, nem segue uma ordem de importância... Assim, essa experiência relacional com o pai (e com a mãe) possibilita a criança tornar-se um adulto maduro e psicoemocionalmente sadio.
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Não era ainda o Deus que eu procurava.
O ego de Deus
Nem Deus tem o poder sobre o outro.
Se é Ele justo, então não interferirá no livre-arbítrio.
O Homem foi criado para satisfazer o ego do Criador. Por que, para que ser Deus? Qual a graça de ser onipotente, onipresente só para si? Contenta-se Narciso em se exibir apenas para o espelho?
Ele nos criou para si.
Para cumprir seu auto-compromisso com a retidão, o Criador terá de respeitar o livre-arbítrio alcançado pela criatura e com isso não nos pode exigir amor.
O amor não requer reciprocidade.
O amor não requer reciprocidade.
Comungando com Bakunin, Ele nos dotou, comparativamente ao outros animais, em maior grau de duas faculdades preciosas: a faculdade de pensar e a necessidade de se revoltar. Diz o pensador: “Estas duas faculdades ... representam a potência negativa no desenvolvimento positivo da animalidade humana... Jeová... foi certamente o mais ciumento, o mais vaidoso....o maior inimigo da dignidade e da liberdade humanas, Jeová acabava de criar Adão e Eva, não se sabe por qual capricho, talvez para ter novos escravos... proibiu-os expressamente de tocar nos frutos da árvore da ciência. Ele queria, pois, que o homem, privado de toda consciência de si mesmo, permanecesse um eterno animal, sempre de quatro patas diante do Deus ‘vivo’. Mas eis que chega Satã, o primeiro livre-pensador e o emancipador dos mundos! ... Conhece-se o resto. ... Deus ... pôs-se em terrível e ridículo furor: amaldiçoou Satã, o homem e o mundo criados por ele próprio, ferindo-se em sua própria criação, como fazem as crianças quando se põem em cólera... Depois lembrando-se de que ele não era somente um Deus de vingança e cólera, mais ainda, um Deus de amor, apos ter atormentado a existência de alguns bilhões de pobres seres humanos... ele enviou ao mundo, como uma vitima expiatória, seu filho único, a fim de que ele fosse morto pelos homens. Isto é denominado mistério da Redenção, base de todas as religiões cristãs.”.
Mas será mesmo que não houve, por detrás desse aparente gesto conciliatório, um outro intuito? Lanço aqui a teoria que esse suposto sacrifício nada mais foi uma grande emboscada. Ao mandar seu único filho e fazendo do homem seu algoz, Ele se pôs na situação de credor e o homem adquirindo um eterno débito para com Ele.
A ética de Spinoza profere que “Os homens que são bons de acordo com a razão, nada desejam para si mesmos que também não desejem para o resto da Humanidade. Ser grande não é estar colocado acima da Humanidade... Esta é uma liberdade mais nobre do que os homens chamam de livre-arbítrio.”.
Passados poucos milhares de anos da sua libertação, e mesmo estando ainda o homem na sua infância evolutiva, consegue ele formular uma teoria igualitária.
Porem Deus, que teve toda a eternidade já passada para conceber normas justas a serem seguidas por suas criaturas, não abdica da posição de superioridade.
Mas experimento uma sensação de compaixão para com Deus. Sei que Ele tem consciência do engodo que é o seu reinado. Não se engana o Criador e a verdade se apresenta na forma de que Ele é tão imprescindível à criatura na mesma proporção de que a criatura é imprescindível à Ele.
Não se existe sem o outro.
Não se existe sem o outro.
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Fragmento: Primeiros Outros * Primeiros afetos
Os amigos são os primeiros verdadeiros afetos, até então a família era a única detentora de afeto – afeição essa tida de maneira natural, não seleta.
O afeto por amigos é mais valoroso, pois é decorrente de empatia, da identificação de seres pares, fonte de apoio emocional, conforto e bem-estar com outros que estejam passando por mudanças semelhantes.
O grupo de amigos é uma fonte de afeto, um lugar de experimentação; um ambiente para conquistar a autonomia e independência da família. É um ambiente para formar relacionamentos que servem de “ensaio” para a concepção do self.
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3a fase: Juventude (Born to be wild - Rockerman - Icones)
Ensaio partir...
Ensaio a partir de Sartre, de Lennon /Ono, de Humberto Holden, de Raul Seixas/Paulo Coelho, Gabeira, Leminski...
Ensaio partir...
Ensaio partir a casca e voar.
Ensaio partir...
Ensaio partir e parir nova persona... Quixote e Rocinante por Andaluzias sul-americanas.
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Fragmento: Rockerman
Por que os jovens gostam de rock? Ora, porque os pais não gostam, é claro! - Chuck Berry
A ponte entre rebeldia jovem e o rock foi edificada no cinema pela primeira vez no filme Blackboard Jungle – 1955 (Sementes da violencia) onde o rock foi pela primeira vez usado como fundo. http://www.youtube.com/watch?v=GW1_A9-kBNw
E as pedras rolaram até os anos 70, não como a personagem de Dylan – Como se sente? Como se sente? Por estar por sua conta? Sem nenhuma direçao para casa. Como uma completa estranha? Como uma pedra que rola? – mas como um simbolo ainda de ruptura.
Ser roqueiro nos anos 70 era ainda a maior manifestação coletiva que estampava para a sociedade a condição do individuo não mais ser tão jovem para ser governado, bem como a condição de que ele não queria ainda fazer parte,e discordava, do mundo adulto.
Mesmo como o fim do sonho, com a perda da fé – manifestada no movimento Punk - o jovem tem esse caminho a percorrer... se rebelar. -Eu não quero uma resposta em dez anos. Eu quero uma resposta agora –(Jim Stark, personagem interpretada por James Dean no filme Juventude Transviada)-
Long live Rock`n Roll.
http://letras.kboing.com.br/led-zeppelin/rock-and-roll/
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Fragmento: Intelecto
aprender e depois ensinar.
Sermos seqüência e ao mesmo tempo início
de uma única coisa.
Cultivar o chão já plantado,
colher seus frutos
e semear o grão eterno.
Aprender o caminho
e ser o caminho
de um novo Ser puro e terno.
(Poema para JI)
Transcrição do poema para o japones:
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